segunda-feira, 6 de junho de 2016

Cartographias da Alma - Abertura







Feminino Semeado



Ao nascer, o longo dia no mundo, agora existe.

O ponto de onde saímos,
existindo feito mão que afaga,

vai abrindo campos, espaços, mansidões e
o limitado se torna meio.

Em Terra fértil me expando.

Agigantando raízes e alçando a gravidade,

feito grão no vento, feito vento na folha,
feito umidade do rio que na rajada da brisa,
esparge pó e húmus por sobre caminhos onde devo existir.

O crescimento arredonda as formas, afina os gestos,
perpetua a ancestralidade da alma do mundo,
que agora em nutrição perene proclama a que veio.

Feminino semeado, circunstância da evidência: Semente!

que em bruma leve e traiçoeira, se revela impertinente, contida e ousada,

que representa a continuidade, a alegria, o movimento da dança,

a origem do fogo, a veste bordada do mago,
a sabedoria na sacerdotisa do Universo,
a umidade da Terra,

a carícia do essencial no vento e no punhal que faz sangrar:

Semeado, o feminino não tem mais volta.
É sombra e luz a evoluir infinitamente no campo do belo,
amoroso e surpreendentemente Misterioso.
E entre as pausas do dia e da noite
o feminino semeado atua e afeta o pulsar do mundo.
Elaine Perli Bombicini
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Imagem internet

Toda semente traz em si um conjunto de elementos e dela os processos a serem vivenciados, não temos a percepção do resultado final, mas podemos ter uma ideia, quase um intuir de como transitaremos no mundo, para isso escolhas devem ser feitas e por ai iniciamos, iniciamos os nossos passos. E a nossa semente tem um propósito, ela se desenvolve com um sentido, com o movimento em direção à luz. Esse processo metafórico corrobora a ideia de que a busca é o próprio caminho. Nós assim como a semente somos orientados pela nossa própria Cartografia. A Cartografia da alma.

Cartografia, substantivo feminino:
1.conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que orienta os trabalhos de elaboração de cartas geográficas.
2. descrição ou tratado sobre mapas.


Estabelecer relações entre o caminho que idealizamos e o caminho que traçamos em nossos processos vividos envolve um aprimoramento do olhar e seus desdobramentos. Poderíamos falar do caminho de que se fala e ou do caminho que se faz, porém o objetivo é que sejam as nossas reflexões aprofundadas nessa rota.



Falaremos do que nos levará à travessia, as nossas buscas, pois uma não vive sem a outra.
O tom de nossa pesquisa/tema/atitude é que a atenção, o ponto nevrálgico do olhar, intermedie os passos criativos para a percepção de sua própria passagem pelo campo sagrado. E uma das belezas da Vida está na análise de certas coisas, que forjam o processo simultâneo entre ser a atuação e a própria atuação dentro de seu processo. Ao desenvolver uma narrativa ex-temporal de minha trajetória na Terra, percebi a importância dessa percepção: analisar processos, analisar minha jornada onde posso cartografar os pontos de importância - os contornos de meu continente pessoal. É um exercício de entrega à narrativa, um exercício de ordenação - de contar minha história.

O distanciamento, nos permite rever em ambiente novo nossa própria biografia. Quase um devir e nos aproximamos da fala de Gaston Bachelard: "um ambiente novo permite que a palavra penetre não só nos pensamentos mas também nos devaneios. A linguagem sonha."  Cartografar aqui, ganha novo um novo sentido, como um registro de processos que envolve fluidez e vida.

Elaine PB






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Elaine Perli Bombicini, Pedagoga, Arte educadora e
Terapeuta Especialista em Psicologia Junguiana